Acontece nesta terça (8) e quarta-feira (9) em Belém do Pará os Diálogos Amazônicos, um evento preparatório para a Cúpula da Amazônia, que reunirá chefes de Estado dos países situados no bioma.
Mais de 10 mil pessoas são esperadas na capital paraense nos dois dias do evento.
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O preparatório é uma chance dos países “amazonizarem” suas políticas públicas, valorizando o conhecimento e as práticas dos povos tradicionais.
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Para o diretor da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), embaixador Ruy Carlos Pereira, a participação de representantes de entidades, movimentos sociais, universidades, centros de pesquisa e agências governamentais como “uma experiência extremamente interessante”, tem o potencial de impactar a definição de futuras ações da agência.
Em entrevista ao canal.gov, Pereira explicou a sua posição sobre a importância da Cúpula da Amazônia.
“Por um lado, estamos podendo apresentar diretamente às populações e comunidades interessadas, enfim, aos atores que podem estar presentes na cooperação internacional para o desenvolvimento, o que é e o que pode fazer a ABC e como podemos colaborar para fazer avançar os interesses do desenvolvimento sustentável da Amazônia, seja onde for, e interessando a quem for. O outro lado é que estamos encontrando elementos que podemos incorporar à cooperação internacional para o desenvolvimento do Brasil”, explicou o embaixador.
“Tenho confiança de que colheremos bons frutos [do evento]. Aliás, nos dois ou três eventos de que já participei, acho que conseguimos fixar a ideia de um novo verbo para a língua portuguesa, que é o verbo amazonizar. Ou seja, é preciso efetivamente amazonizar as políticas públicas”, acrescentou o embaixador, explicando o sentido da proposta.
“Amazonizar é fazer com que os conhecimentos tradicionais dos povos que dependem da floresta para viver e para continuar a existir sejam incorporados às soluções que normalmente recebemos do mundo desenvolvido como soluções adequadas à manutenção da floresta amazônica”, explicou.
“Este verbo se aplica tanto à própria Amazônia, como também a outros biomas, onde há a presença de comunidades tradicionais e povos indígenas, como Cerrado, o Sul do Brasil, o litoral da Bahia”, disse Pereira, enfatizando que a ABC, agência vinculada ao Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), planeja estreitar os laços com as organizações e entidades, públicas e privadas, que representam as comunidades tradicionais e os povos indígenas.
“[Isso] já estava no panorama da cooperação internacional para o desenvolvimento praticada pelo Brasil, mas de uma forma ainda um pouco incipiente. Esta possibilidade de estarmos aqui, no Diálogos Amazônicos, nos trouxe muito maior proximidade, intensidade, em termos de diálogo, e uma muito melhor compreensão de como podemos atuar conjuntamente com os povos indígenas, com o Ministério dos Povos Indígenas, com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), com as associações que reúnem as etnias indígenas e também da região – porque a Amazônia não é só brasileira [referindo-se aos demais países que compartilham parte do bioma] -, para incorporar estes novos atores à comunidade de interessados pela cooperação internacional para o desenvolvimento praticada pelo Brasil”, concluiu.
Programação
A programação promete efervescer Belém com assembleias, debates e manifestações.
Indígenas, quilombolas, extrativistas, camponeses e moradores da Amazônia urbana têm presença garantida. Movimentos com atuação nacional, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), também enviarão militantes à capital paraense.
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