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    Antes de ataque em Portugal, Taís Araujo fez alerta a Ewbank sobre racismo

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    Giovanna Ewbank confessou nesta terça (2) que Taís Araújo já havia a alertado sobre o racismo muito antes da discriminação sofrida pelos filhos Titi, de nove anos; e Bless, de sete, em Portugal. A atriz fez questão de ligar para a esposa de Bruno Gagliasso para mandar a real sobre o preconceito. “A infância de uma criança negra nesse país é muito dura”, avisou. 

    A artista revelou os conselhos ao entrevistar a colega de profissão no Quem Pode, Pode. Ela lembrou que recebeu uma ligação da intérprete de Anita em Cara e Coragem ao adotar a filha mais velha em 2016 –depois de quase um ano e meio de trâmites legais. 

    “A nossa relação começou assim que a Titi chegou no Brasil e você me ligou. A gente nunca tinha se falado. E você me falou: ‘estou muito feliz com a sua maternidade e disponível para conversar sobre o que quiser. Conte comigo para o que você precisar. Agora você faz parte de nós”, disse. 

    Giovanna assumiu que não fazia ideia sobre o quão racista é a sociedade brasileira, sobretudo nos estratos mais privilegiados: 

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    “Eu não tinha noção. Você me contou que estou em uma escola particular e sempre viu mulheres pretas em posição de servir. E precisava de uma professora preta para se ver. E me pediu para que eu tivesse essa visão na hora de escolher o colégio da minha filha. Isso para mim foi de uma importância. Foi um parâmetro que comecei a ver a partir daí”, disse. 

    “De fato, os filhos nos transformam, dão propósito. O propósito da minha vida é mudar o mundo para que seja melhor para eles. Você é uma inspiração”, resumiu ela. 

    Qual foi o conselho de Taís para Giovanna? 

    Em seguida, Taís não escondeu que ficou com medo de Giovanna não saber como lidar com as demandas que Titi lhe traria ao longo da infância: 

    “Eu pensei: caramba, o que vai ser de uma menina negra, africana, criada por dois brancos dos olhos azuis em que o mundo está a serviço deles? O seu tipo físico e o do Bruno Gagliasso é o que tem mais passabilidade, é a perfeição. O que seria dessa menina? A Giovanna não sabia da missa a metade. Não fazia a mais vaga ideia. Ela foi movida pelo amor, o que foi legítimo”, começou. 

    A atriz olhou para a própria vida para entender o quão difícil seria a vida da menina em um ambiente privilegiado. “Ela vai ter acesso a vários lugares, a comprar muita coisa, mas ao mesmo tempo é uma solidão. Na escola, está implícito que o lugar de pessoas parecidas com você não é ali no banco. Você se sente inadequado”, lamentou. 

    “Na minha escola, você contava durante muito tempo nos dedos de uma mão só quantos negros tinha. Eles me chamavam de negralhaça. Quando chegou outra menina negra na minha sala, eles falaram que não queriam. Me colocaram para competir com ela. Como se eu fosse maneira, podia passar, mas ela não. Essa era a Barra da Tijuca nos anos 90. Por isso eu pensei na Titi. Será que ela ia ter pessoas negras em volta dela?”, finalizou. 

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