O apagão que começou na última sexta-feira (11) e ainda afetava partes da cidade de São Paulo nesta última quarta-feira (16) leva a falência do modelo de privatização do setor de distribuição elétrica e a falta de planejamento da Enel, concessionária responsável, juntamente com a prefeitura, foram determinantes para a demora na restauração da energia elétrica na capital paulista.
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De acordo com o engenheiro eletricista Ikaro Chaves a Agência Brasil, a queda na qualidade do serviço de distribuição de energia, como observado em São Paulo, evidencia a ineficácia do modelo de privatização do setor elétrico, que completará 30 anos em 2024. Chaves argumenta que o tempo transcorrido desde a privatização da primeira distribuidora, no Espírito Santo, é suficiente para concluir que o modelo não funciona.
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“A questão principal aqui é que o modelo faliu. E por que faliu? Porque é evidente: estamos falando de um setor monopolista. Não é possível que a concorrência atue para beneficiar o consumidor”, acrescentou Chaves. Ele também criticou a atuação da agência reguladora, a Aneel, afirmando que a regulação tem falhado em defender o interesse público no modelo privatizado.
Uma das críticas de Chaves é a redução de custos com mão de obra pelas empresas concessionárias, como a Enel, que, nos últimos seis meses, desligou 227 empregados da área de manutenção, segundo o Sindicato dos Eletricitários de São Paulo. “Esse modelo não tem funcionado. Vai sempre na direção da precarização do trabalho, e as pessoas esquecem que a manutenção é feita necessariamente por trabalhadores”, apontou o engenheiro.
O professor José Aquiles Baesso Grimoni, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, atribui a demora na restauração da energia à falta de coordenação entre a Enel e a prefeitura. Ele destacou que a atuação do comitê de crise da cidade de São Paulo foi insuficiente. “Faltou coordenação. Todos os envolvidos precisam planejar e agilizar a recomposição da rede”, afirmou.
Grimoni também sugere que a solução para as quedas recorrentes de energia na capital seria o enterramento da rede elétrica. No entanto, ele ressalta que essa medida exige investimento conjunto de prefeitura, estado e governo federal. “Se deixarmos para a distribuidora, ela repassará os custos para os consumidores”, disse o professor.
Além disso, ele alertou para possíveis obstáculos políticos e econômicos na implementação dessa solução, visto que o enterramento da rede é caro e não gera visibilidade pública. “O problema é político e econômico, não técnico”, concluiu Grimoni.
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