A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) afirmou, em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (14), que os casos de infecção por HIV em pacientes que receberam órgãos transplantados no estado foram resultado de uma falha operacional, com o objetivo de obtenção de lucro. A declaração foi dada pelo secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, que apontou irregularidades no controle dos testes de diagnóstico de HIV.
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De acordo com a investigação, a empresa contratada para realizar os testes alterou os protocolos de checagem dos reagentes, comprometendo a segurança do processo para maximizar os lucros. A alteração no cronograma de verificação dos reagentes, que deveria ser feita diariamente, foi reduzida para uma frequência semanal, o que impactou diretamente a integridade dos testes e levou aos falsos negativos.
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As investigações foram iniciadas na sexta-feira (11), após um pedido da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ), quando os primeiros casos de infecção vieram à tona.
O Departamento-Geral de Polícia Especializada identificou que houve uma quebra no protocolo de checagem dos reagentes químicos, que são fundamentais para identificar a presença do vírus HIV nos doadores de órgãos. Segundo o delegado André Luiz de Souza Neves, essa alteração no procedimento prejudicou a qualidade dos testes, resultando nas infecções.
Nesta segunda-feira (14), a Delegacia do Consumidor (Decon) deflagrou uma operação com o cumprimento de 11 mandados de apreensão e quatro de prisão. Entre os presos estão o sócio principal do laboratório PCS Lab Saleme e Ivanilson Fernandes, técnico responsável pelas análises. Outros envolvidos ainda estão foragidos.
A polícia também informou que a investigação está em fase inicial e que novos depoimentos e diligências serão realizados. A reanálise de cerca de 300 testes, relacionados a outros pacientes que foram submetidos a procedimentos no mesmo laboratório, já está em andamento.
Sobre o caso
Seis pacientes contraíram o vírus HIV após receberem órgãos de dois doadores que haviam sido testados no laboratório investigado. Os exames desses doadores apresentaram falsos negativos para o vírus, o que resultou nas infecções. Além disso, amostras de sangue de outros 288 doadores estão sendo reavaliadas.
Em nota, o PCS Lab Saleme negou qualquer envolvimento em um esquema criminoso e garantiu que prestará todos os esclarecimentos à Justiça. A empresa, que foi contratada pela Secretaria de Estado de Saúde em dezembro de 2023 por R$ 11 milhões para realizar os testes, afirmou ainda que está oferecendo suporte médico e psicológico aos pacientes afetados.
A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro suspendeu o contrato com o laboratório e determinou que novos exames sejam realizados pelo Hemorio. A partir de agora, todos os testes de doadores de órgãos no estado serão feitos utilizando o teste NAT, considerado mais preciso.
O Ministério da Saúde também tomou medidas, solicitando a interdição cautelar do laboratório e ordenando a retestagem do material dos doadores, reforçando a segurança no processo de transplantes no estado.
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