O general Mauro Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid, compareceu para prestar depoimento à Polícia Federal (PF) na tarde desta última quarta-feira (26) em Brasília.
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Ele forneceu informações relevantes sobre o inquérito que investiga a venda de joias presenteadas pelo governo saudita ao governo brasileiro durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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A PF está apurando a comercialização das joias nos Estados Unidos. O general permaneceu nas dependências da polícia por aproximadamente 3 horas.
As joias foram recebidas por Bolsonaro durante seu mandato. De acordo com as investigações da PF, os desvios tiveram início por volta de meados de 2022 e se estenderam até o início de 2023.
Em um dos casos identificados pela PF, o general Cid recebeu em sua própria conta bancária US$ 68 mil pela venda de dois relógios, um Patek Phillip e um Rolex. Na época, o militar estava lotado no escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em Miami.
A PF descobriu que os presentes saíram do país em uma mala transportada no avião presidencial. Além das joias, também foram retiradas do país esculturas de um barco e de uma palmeira folheadas a ouro, que foram presentes recebidos por Bolsonaro durante uma viagem ao Bahrein, em 2021.
Segundo as investigações, o então ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, esteve envolvido no desvio dos itens. O transporte ocorreu em 30 de dezembro do ano passado, quando Bolsonaro viajou para os Estados Unidos, nos últimos dias de seu mandato.
A investigação revelou que Mauro Cid tentou vender os itens em lojas especializadas na Flórida, nos Estados Unidos, porém sem sucesso, pois não eram inteiramente compostos de ouro. Estima-se que o valor dos itens possa chegar a US$ 120 mil.
Outro presente desviado foi um conjunto masculino de joias da marca suíça de acessórios de luxo Chopard, composto por caneta, abotoadura, anel, rosário árabe e relógio. Esses presentes foram recebidos durante uma viagem presidencial à Arábia Saudita, em 2021.
A PF declarou que “os elementos de prova indicam, com robustez, que os bens constantes do segundo conjunto foram evadidos do Brasil, também em mala transportada no avião presidencial em 30 de dezembro de 2022, para os Estados Unidos da América, onde foram encaminhadas, pelos mesmos agentes, principalmente Mauro Cid e Mauro Lourena Cid, para a casa especializada em leilão Fortuna Auction, onde não foram arrematados por circunstâncias alheias à conta dos agentes”.
O Tribunal de Contas da União (TCU) estabeleceu que os presentes recebidos pelo Presidente da República durante cerimônias de troca de presentes, audiências com chefes de Estado e de Governo, ou durante visitas oficiais ao exterior, devem ser incorporados ao acervo do Estado brasileiro e não considerados bens pessoais. Exceções são feitas apenas para itens de natureza personalíssima ou de consumo direto.
Participação
A imagem do general foi identificada pela PF no reflexo de uma foto usada para negociar esculturas recebidas pelo governo como presente oficial nos EUA. Ao fotografar a caixa contendo os itens para solicitar uma avaliação de seu valor em lojas especializadas, Mauro Lourena Cid inadvertidamente deixou seu rosto ser capturado no reflexo.
Em agosto do ano passado, Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o ex-secretário especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência, Fabio Wajngarten, foram convocados para prestar depoimento no caso. Na ocasião, optaram por permanecer em silêncio durante o interrogatório.
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