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    Os caminhos da imaginação

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    Existe uma dúvida que permeia a sociedade: a vida imita a arte ou a arte imita a vida?

    Essa é uma pergunta de difícil resposta. Para o filósofo grego Aristóteles, a arte se inspira na vida, já para o dramaturgo irlandês Oscar Wilde é a vida que se norteia pela arte. O mais provável é que a inspiração seja uma via de mão dupla, ora a vida se supera e cria histórias fantásticas que reflete na produção artística, ora a arte com suas criações fabulosas serve de estímulo para a vida.

    No mundo existem certos lugares que vão além das suas estruturas físicas e avançam no campo da imaginação. Alguns deles são mágicos, esse seria o caso dos estádios de futebol, a Disneylândia e, até mesmo, uma loja de doces, esses são lugares que contam com um encanto natural. Já outros são capazes de gerar calafrios em muita gente, por exemplo, o consultório do dentista, uma casa abandonada ou, para alguns, um avião. Seja pelo prazer ou pela aflição, todos esses locais são explorados pelos filmes e séries para gerar os mais diversos sentimentos nos telespectadores.

    Um bom exemplo disso é Las Vegas, um dos locais mais reproduzidos no mundo da televisão e cinema. A famosa cidade ocupa um espaço imenso no imaginário comum como um local de grandes eventos, uma imensa variedade de opções de entretenimento e, claro, os cassinos. 

    Nesse caso é interessante notar como não só a cidade a cidade inspirou diferentes produções de Hollywood, como Cassino (1995), Onze Homens e um Segredo (2001), Se Beber Não Case (2009), Última viagem a Vegas (2013), e, até mesmo, a famosa série Friends tem um episódio gravado na cidade, mas também alguns jogos se tornaram populares graças a esses filmes e séries. Alguns desses jogos se reinventaram e migraram para o mundo online, sendo inspirados em sucesso das telas. Isso se aplica especialmente às famosas slots com temas inspirados por séries e filmes como Narcos, da Netflix, o reality show culinário Hell`s Kichen e o filme de aventura Jumanji.

    Ainda em território americano, outro recinto muito visitado nas produções cinematográficas são os famosos Western saloons, os bares que ofereciam bebida, comida, entretenimento e hospedagem aos aventureiros do velho oeste. O ambiente desses estabelecimentos é um clássico dos filmes de faroeste. Construídos com madeira, contam com as famosas portas vai e vem, um grande balcão e mesas redondas. É nesse ambiente que “mocinhos” e “vilões” se encontram antes de um angustiante duelo. Na vida real, esses locais foram fundamentais na conquista dos territórios mais distantes no oeste, era nos saloons que os membros de expedições descansavam e se divertiam antes de seguir viagem.

    No país vizinho, o México, a imaginação e o cinema também tiveram um papel fundamental na difusão das lendas e cidades históricas dos povos originários do país. Um desses exemplos é o espetacular sítio arqueológico Chichén Itzá, uma das maiores cidades maias que gerou curiosidade e encanto. Na lista de produções inspiradas nestes povos está O Caminho para o El Dorado (2000), que retrata a lenda da cidade de ouro e, mais importante que isso, costumes dos povos da época; Maya e os 3 Guerreiros (2018), uma produção original Netflix, traz referências à cultura dos maias, é dirigida pelo mexicano Jorge R. Gutiérrez e tem como protagonista uma guerreira de nome MayaApocalypto (2007) é outra produção que traz o mundo maia como cenário e, além disso, o filme todo é falado no idioma maia.

    Para além das grandes cidades e monumentos, também existem pequenos ambientes capazes de gerar boas e más sensações. Um deles é temido por muitos: o consultório do dentista. Um local normalmente pequeno, com uma sala de espera, um consultório em que se destaca a cadeira odontológica e a mesa cheia de equipamentos. Por se tratar de uma imagem capaz de deixar muitos com os cabelos em pé, o consultório do dentista aparece em muitos filmes, no entanto, não é unânime como cenário de terror.

    Em Procurando Nemo (2003), parte importante da trama se passa em um consultório odontológico, mais especificamente em um aquário na sala de espera, o único medo e perigo real fica por conta de Darla, a sobrinha do dentista; um filme em que o profissional bucal e seu consultório não são nada amigáveis é em A Fantástica Fábrica de Chocolates (2005), o pai de Willy Wonka é um severo dentista que impede o filho de comer doces e cria um trauma na criança; por fim, o longa-metragem de terror O Dentista (1996) aproveita todos os medos e utiliza o ambiente do consultório como cenário para uma sequência de atrocidades cometida por um dentista nada profissional.

    Com efeito, a vida e a arte andam lado a lado, uma inspira e se inspira na outra. Existem lugares que abrigam verdadeiras lendas urbanas, porém, não passam de mitos. Um bom exemplo são os consultórios odontológicos que contam com tecnologia de ponta e curam a dor dos dentes, ao invés de aumentá-la, como muita gente pensa. 

    O cinema seguirá bebendo dessa fonte que é o imaginário popular e, em simultâneo, continuará a formar conceitos lúdicos sobre lugares fantásticos que existem no mundo real.

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