Com um orçamento de 3,5 milhões de euros (aproximadamente R$ 21,3 milhões), o governo iraniano anunciou a construção de uma “clínica de beleza social” em Teerã, voltada para mulheres que descumprem os códigos de vestimenta islâmicos.
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O projeto, liderado pela organização Ordenar o Bem e Proibir o Mal, prevê oferecer “tratamento científico e psicológico para tratar [a vontade de] remoção do hijab”, segundo Mehri Talebi Darestani, diretora do departamento de Mulheres e Família da entidade financiada pelo regime.
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O anúncio provocou uma onda de críticas dentro e fora do Irã, com temores de que a clínica seja usada para torturar mulheres. Internautas ironizaram e questionaram a alocação do orçamento, sugerindo prioridades como a criação de centros de recuperação contra a corrupção ou melhorias na infraestrutura do país.
O governo do presidente Masoud Pezeshkian tentou se distanciar do projeto, mas a sociedade continua cobrando respostas. “Quem aprovou o orçamento?”, indagou o site de notícias Jamaran.ir.
Aliyeh Motallebzadeh, vice-presidente da Associação Iraniana para a Liberdade de Imprensa, criticou a iniciativa como mais uma forma de repressão contra as mulheres. “Mais pressão só irá radicalizar os protestos contra o uso obrigatório do hijab”, afirmou.
O caso recente da estudante Ahoo Daryaei, que protestou publicamente contra guardas morais ao retirar parte de sua roupa, reforça a resistência das mulheres iranianas. A ação de Daryaei foi recebida com empatia por muitas mulheres, mas ela foi presa e enviada a um centro psiquiátrico. Ativistas temem pelo seu bem-estar, dado o histórico de abuso em instituições similares no país.
Abuso da Ciência
A proposta da “clínica de beleza social” tem sido amplamente criticada por especialistas. O presidente da Associação de Psiquiatras do Irã, Vahid Shariat, classificou a ideia como um uso equivocado da ciência: “Não podemos rotular pontos de vista diferentes como desvio e tentar curá-los.” Ele destacou que iniciativas como essa prejudicam tanto os direitos humanos quanto a credibilidade científica.
Crescimento da Resistência Feminina
Desde a morte de Mahsa Amini, em setembro de 2022, o movimento feminino no Irã tem ganhado força. A jovem de 22 anos foi detida pela polícia da moral por usar o hijab de maneira “inadequada” e morreu sob custódia, gerando protestos globais. Apesar da repressão violenta, o número de mulheres que rejeitam o uso obrigatório do hijab segue crescendo, desafiando a autoridade do regime e inspirando solidariedade em todo o mundo.
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