O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, afirmou em um áudio obtido pela Polícia Federal (PF) que uma carta elaborada pelos comandantes das Forças Armadas em novembro de 2022 deu segurança aos manifestantes que acampavam em frente ao Quartel General (QG) do Exército para intensificar as manifestações antidemocráticas.
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A carta, intitulada “Às instituições e ao Povo Brasileiro”, foi assinada pelos comandantes do Exército, Aeronáutica e Marinha, e destacou o direito dos brasileiros à livre manifestação. Segundo Cid, a carta foi “muito elogiada” e deu segurança aos manifestantes para darem “um passo à frente” em suas ações.
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A carta destaca a importância da Constituição Federal e dos direitos fundamentais, como a liberdade de expressão, reunião e locomoção. “A Constituição Federal estabelece os deveres e os direitos a serem observados por todos os brasileiros e que devem ser assegurados pelas instituições, especialmente no que tange à livre manifestação do pensamento; à liberdade de reunião, pacificamente; e à liberdade de locomoção no território nacional”, consta em trecho da carta.
Segundo Cid, a carta foi enviada ao então comandante do Exército, general Freire Gomes, e foi compartilhada com os organizadores dos movimentos. “Então, os organizadores dos movimentos vão canalizar todos os movimentos previstos (inaudível) o dia 15 como ápice, a partir de agora, lá para o Congresso, o STF, a Praça dos Três Poderes, basicamente”, disse Cid.
O episódio reforça a ideia de que, antes mesmo das manifestações do 8 de Janeiro, já havia uma interlocução de pessoas próximas ao governo federal com lideranças dos movimentos. “Percebe-se que, no dia 11 de novembro de 2022, já havia a intenção de que as manifestações fossem direcionadas fisicamente contra o STF e o Congresso Nacional, fato que efetivamente ocorreu no dia 8 de janeiro de 2023”, diz relatório da PF sobre o caso.
A carta dos comandantes das Forças Armadas parece ter desempenhado um papel importante na concessão de segurança aos manifestantes, que se sentiram respaldados para intensificar suas ações antidemocráticas. O episódio é um exemplo de como a interlocução entre pessoas próximas ao governo federal e lideranças dos movimentos pode ter contribuído para a realização das manifestações do 8 de Janeiro.
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