Os moradores de Goiás estão enfrentando constantes problemas com o fornecimento de energia elétrica. As queixas sobre as interrupções aumentaram significativamente durante a onda de calor que elevou a temperatura até quase 40ºC em diversos municípios.
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O problema é antigo, mas o debate sobre o assunto foi intensificado nos últimos dias e chegou até a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), que cobrou explicações da concessionária Equatorial Goiás sobre a prestação de serviço.
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Interrupções programadas e constantes
Na semana passada, o problema foi agravado por desligamentos da energia elétrica, realizados pela empresa. Trata-se de um “desligamento de energia que, ao contrário da interrupção emergencial, tem o objetivo de permitir ações de melhorias na rede elétrica e de assegurar mais qualidade e confiabilidade no fornecimento”, informou a Equatorial.
Conforme a concessionária, os desligamentos são avisados aos clientes impactados com 72 horas de antecedência, com data e período da interrupção. No entanto, as reclamações são constantes e os consumidores alegam que os canais de contato com a empresa são ineficientes.
Consumo consciente e sobrecarga na rede
Vários são os relatos de moradores que se queixam de quedas constantes, intermitências na distribuição e as reclamações aumentaram de forma expressiva. A sobrecarga na rede de distribuição, a capacidade de geração de energia e o superaquecimento de equipamentos estão entre os motivos para que a rede seja afetada.
Durante o período de calor, a Equatorial constatou um aumento de 16% na demanda de carga elétrica em Goiás. O número está acima da média nacional, de 7%. Fora isso, a capacidade de geração de energia também é afetada durante o calor. Como grande parte da energia elétrica gerada no Brasil parte de hidrelétricas, o consumo exagerado por muito tempo pode afetar os níveis de água das usinas.
Sem respostas e autuação pelo Procon
Na quinta-feira (5), a Equatorial foi autuada pelo Procon-Goiás, após a empresa de energia responder de forma “insatisfatória e insuficiente” aos questionamentos sobre as constantes quedas de energia no Estado. O órgão estadual informou que vai apurar as responsabilidades da empresa pela má prestação de serviço.
A Equatorial terá 20 dias para apresentar defesa e poderá ser penalizada com uma multa administrativa cujo valor pode chegar a R$ 11 milhões. O órgão estadual havia notificado a Equatorial no último dia 28 de setembro, solicitando uma série de esclarecimentos.
Nota Equatorial na íntegra
Em nota, a Equatorial informou que vai adotar as medidas cabíveis e que respondeu aos questionamentos do órgão.
“Entre os esclarecimentos, foi elucidada a situação de elevada sobrecarga da rede elétrica que levou a problemas no fornecimento de energia em algumas regiões no estado. Situação esta que ocorreu no país inteiro, e afetou todo o sistema elétrico nacional. Além disso, foi mostrada a evolução do DEC FEC, indicadores de duração e frequência de falta de energia; os investimentos de R$ 1,38 bilhão somente no primeiro semestre e a redução de 19% nas reclamações registradas contra a distribuidora. Inclusive com redação de quase 50% das reclamações no Procon-GO na comparação com o mesmo período do ano anterior.”
CPI e qualidade questionável
A Equatorial Goiás tem sido alvo de críticas não só por parte da população por conta das quedas de energia, mas também pelos parlamentares do estado. Os deputados da Assembleia Legislativa de Goiás já se preparam para a possível instalação de uma CPI para apurar a atuação da empresa de energia em Goiás.
A Equatorial Energia é a empresa brasileira que comprou a distribuição de energia em Goiás por R$ 1,6 bilhão em setembro de 2022, com a crise da Enel, e começou a operar em janeiro de 2023.
A concessionária atua em outros seis estados: Maranhão, Piauí, Pará, Rio Grande do Sul, Alagoas e Amapá. Além de suas distribuidoras aparecerem no ranking da Aneel como piores do país, a empresa já foi denunciada pelo Ministério Público Federal por crime ambiental e está entre as companhias com maior lucro do país.
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